quinta-feira, maio 04, 2006

Festival de casa nova


Na volta da viagem de Dinajpur, Rony, nosso interprete, convidou Amy e eu para ‘atrasarmos em um dia nossa chegada em Dhaka’ e irmos para Naogaon, uma cidade proxima, onde seus pais moram. La aconteceria um festival muculmano por conta do termino da construcao da casa nova da sua familia. Aceitamos o convite.
Descemos do nosso onibus antes do destino final – Dhaka – e pegamos um onibuzinho com assentos minusculos e muito proximos, em que nossas pernas mal cabiam, alem de termos que carregar a bagagem no colo. No corredor, varias pessoas viajavam em pe, quase sentando no colo de Amy, que estava do lado do corredor. Cinquenta minutos e muitos olhares curiosos depois, chegamos a Naogaon, morrendo de calor e de vontade de fazer xixi! Nesta viagem eu vi o pior banheiro desde que deixei o Brasil: apenas um buraco, pequeno – sera que eh possivel fazer numero dois ali?

Rony (atras, na primeira foto) esta no ultimo ano do curso de Administracao, em Dhaka. Ele morou tres anos na Australia, para estudar ingles e fazer faculdade. Segundo ele, foi uma vitima do onze de setembro: o governo australiano resolveu cancelar varios vistos e, como Rony perdeu um mes de aula porque teve de vir para Bangladesh por motivo de doenca na familia, sua nostas nao eram nenhuma maravilha, o que deu mais um motivo para que seu visto estivesse na lista. Dessa forma, com mais da metade da faculdade concluida, ele teve a pior experiencia de sua vida, lutando com advogados pelo visto e, frustrado, teve que voltar para Bangladesh e comecar a faculdade de novo.
O irmao estuda Odontologia, tambem em Dhaka. O pai eh medico e a mae dona de casa. No festival – uma especie de bencao -, enquanto os homens liam partes do Alcorao, nos, as mulheres, em outro comodo, com as cabecas cobertas, rezavamos/oravamos para Alla. Era o nosso primeiro festival muculmano e nao estavamos entendendo nada: o que fazer, quando levantar, quando cobrir o cabelo... e Rony estava com os homens! Nossa salvacao foi a priminha dele, de 10 anos, que com seu ingles quebrado e as poucas palavras que sabiamos em bangla, nos ajudou.
Quando iam embora, todos os convidados recebiam uma caixinha com polao (uma especie de arroz) e carne de carneiro. Do lado de fora, dezenas de pessoas pobres esperavam para receber o que sobrasse. No dia seguinte, vimos algumas criancas brincando com as caixas pela rua.
Rony estava muito orgulhoso em nos mostrar toda a casa. Quando nos mostrou o seu quarto, perguntei: "Mas Rony, voce ja nao mora mais com os seus pais! Qual a logica de voce ter um quarto na casa nova, entao?" "Se tudo der certo, quando eu terminar a faculdade volto a morar aqui! Com minha futura esposa e filhos" - disse ele sorrindo e nos encaminhando para ver o quarto do irmao. Contou-nos que o irmao tem uma namorada ha 5 anos. "A familia dela eh de homens de negocio e a nossa eh de medicos. Mas como nossa familia tem boa reputacao na cidade, quando comecaram a namorar, o pai da namorada do meu irmao disse para o meu pai que iria fazer o casamento dela dentro da nossa familia. Eh por isso que ela tambem esta estudando medicina, pra poder interagir melhor dentro da nossa casa" - explicou Rony, dando uma aula pratica de cultura muculmano-bengali. Na hora fiquei horrorizada, imaginando como seria morar na casa da familia do meu marido, tendo que aguentar a minha sogra todo santo dia! Mas hoje, varios dias e experiencias depois nessas terras, eu admiro o tanto que essa cultura da importancia a familia. Ainda quero escrever um post sobre isso.
Conhecemos um amigo de Rony, tambem chamado Rony. Ele eh casado e tem uma filhinha de poucos meses. No momento sua esposa saiu da casa dos pais dele e voltou pra casa dos pais dela, como eh costume aqui apos se ter um bebe. Quando visitamos a garotinha, ele nao permitiu que Rony visse sua cunhada. Rony - o original hehe - estava muito interessado em conhece-la, ha muito tempo. Como nao pode ve-la, logo que saimos de la, olhei pra ele com uma cara de "sorry!!!" e exclamei: "Eh, Rony, ela eh bonita mesmo, viu!?!?!" Entao ele pediu detalhes da fisionomia da moca, que eu dei, fazendo todos cairem na gargalhada.
De noite fomos os quatro - Ronys, Amy e eu - passear pela cidade. Tomamos cafe e sentamos na beira do rio, onde conversamos sobre drogas, sexo e juventude. Conclui que, apesar das culturas serem muito diferentes, ha alguns pontos em comum: jovem eh jovem em qualquer lugar e moita tambem eh moita em qualquer lugar.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Fofinha,
Nunca mais passarei tantos dias sem ler seus capítulos!! Adorei este de hoje!!!Mesmo em caso de viagem entrarei nos blogs para curtir e sentir essas emoções Tim tim tim!!Lembranças aos Ronys -graças ao seu magnífico relato foi possível total entendimento. Bjinhos p Amy!! Sdd

7:37 AM  
Anonymous Anônimo said...

Leca
Esta de ter um quarto na casa dos pais depois que se sai de casa e vai estudar fora... não sei não... acho que já ví esta história em outro lugar. Com relação a casar, e voltar para a casa dos pais com marido e filhos... Bem, não sei. Acho que provavelmente é mais um do valores que precisamos aprender com nossos irmãos muçulmanos.
Bjos
Pai

5:39 PM  
Anonymous Anônimo said...

meu, quantas histórias... quantas pessoas... é tudo muito loco né?? eu até desejaria q vc voltasse logo, por eu estar com saudades, mas fica mais aí pra aproveitar...
acho q seu pai já falou, mas tome cuidado... e curte memo essa viagem, pq é uma oportunidade pra pouquíssimos!
beijos

12:10 PM  
Anonymous Anônimo said...

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