Letícia Bengali

sábado, fevereiro 25, 2006

Nova fase...

Hoje comeca uma nova fase da viagem. Parece que as coisas tem um curso, um ritmo a seguir: primeiro o capitulo "sete dias sozinha em Calcuta", que me levou a um lugar diferente de casa, mas com uma forte estrutura pra turistas; depois estes dias no hotel, do lado do Banco, com boas acomodacoes e direito a novos amigos; agora passar alguns dias na casa da Ananya, uma estudante universitaria daqui. Muita gente me escreveu perguntanto: e depois? Gente, eu nao tenho a menor ideia do depois!!! Estou pronta pro que der e vier, correndo atras de novas experiencias, passando de fase em fase, uma por uma, e aproveitanto ao maximo, sem medo de `game over'.
Ontem sai com Amy e Taylor, dois norte-americanos que tambem estao como`interns` la no Grameen Bank. Fomos ao New Market, onde eh possivel encontrar de tudo - TUDO! Em uma das fotos, estavamos numa loja de Sarees - roupa tipica feminina daqui, que consiste apenas em uma grande peca retangular, que as mulheres tem o dom de transformar numa especie de vestido. Como nao eh permitido provar, os clientes sentam em banquinhos e os vendedores provam em si mesmos.
Outro dia, quando fazia o meu percurso diario do hotel ao Banco, a pe, percebi que estava sendo seguida. Olhei para a direita: uma! Olhei para a esquerda: duas! E antes que eu pudesse olhar para tras, tres outras meninas de uns 6 anos, em vestidinhos vermelhos identicos e gravatinhas brancas passaram correndo na minha frente. Todas elas andavam no mesmo ritimo que eu, sem tirar os olhos das miniaturas de sandalinhas havaiana que tenho penduradas na mochila. Elas sorriam pra mim, conversavam entre si e caiam na gargalhada. Me acompanharam por mais da metade do meu caminho, ate que uma criou coragem e perguntou: "HD&DHD&DHD)&D&", o que eu, certamente, nao entendi. Sorri e respondi: "Ami Bangla jani na" (Eu nao falo Bangla). Ela, entao, falou para as outras "Bangla jani na" e todas sairam correndo e rindo, como se tivessem encontrado a fada madrinha, ou o E.T., vai saber. Continuei minha caminhada no mesmo ritmo, feliz por elas, lembrando que em Calcuta eu tambem era perseguida por 5, 6 criancas, mas estas me cutucavam, puxavam minha saia e tinham sempre suas maos estendidas e nao paravam de repetir "no mother, no father", na esperanca de receberem algumas Rupias.

Todos os dias, antes de dormir, eu peco para algum funcionario do hotel "spray" meu quarto contra mosquitos. Depois disso o quarto fica com um cheiro insuportavel e eu tenho que espera uns 10, 15 minutos pra voltar. Em um desses momentos de espera eu subi para uma especie de terraco que tem no hotel. Para minha surpresa, la estava o Ricky, arremessando com toda a forca uma bola de tenis contra a parede. Ele disse estar treinando Cricket. Me desafiou a receber as bolas o que, logicamente, nao fiz, com medo de que elas perfurassem minhas maos porque eram tao rapidas, que pareciam bala de revolver. Fiquei la sentada observando o jeito que ele corria e arremessava, na esperanca de aprender um pouco. La pelas tantas a bola veio em minha direcao. Levantei, ajeitei e chutei. "Aaah, voce gosta eh de futebol, ne?!?!" - disse ele sorrindo. "Sim!" - respondi pedindo a bola de volta com as maos. Entao armamos um campo improvisado - as traves eram delimitadas pelos pes de cadeiras - e comecamos a jogar. Algum tempo depois, uma moca que estava com os pais a nos observar, perguntou quem estava ganhando. "Ela" - respondeu o Ricky num tom de 'sem graceza'. A moca sorriu e me perguntou de quanto eu ganhava. "3 a zero" - respondi olhando para a cara do Ricky com tom de deboche e chamando ele de looser. Entao o Ricky se defendeu: "AAaaah, mas ela eh do Brasil, eh por isso!!!" E todos rimos, inclusive os pais da moca. Terminada a partida ele disse que da proxima vez jogaremos cricket. Fiquei muito feliz com a vitoria, mas comprovei que depois do "acidente" com os ligamentos do pe no semestre passado, vou carregar pra sempre nao so o meu joelho operado podre, mas tambem o pe.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

International Mother Language Day

Domingo conheci outros `interns`. Duas jornalistas que querem escrever livros sobre o Grameen Bank, um grupo de norte americanos que estava gravando um documentario e alguns estudantes: um rapaz que eh de Bangladesh, faz faculdade na Australia e aproveitou as ferias de verao em Dhaka pro internship program, mas ja foi embora; a Debora, uma alema que estuda na Franca e estava na Australia por um semestre, que vai embora amanha; a May, uma norte-americana que acabou de se formar em economia, ja ficou aqui um mes e ainda tem quase outro inteiro pela frente; e a Mahah, de Bangladesh, que esta no `gap year`, entre o fim do colegial e a entrada na faculdade, tambem ja terminando seu internship program.
Segunda, com meu coordenador do Grameen Bank, fui no escritorio de imigracao e passaportes pedir extensao do visto. Mandaram-me voltar la dia 14 de marco pra saber por quanto tempo sera extendido. Detalhe: o visto atual expira dia 12 de marco - falaram que nao tem problema, mas vai saber...
Depois acompanhei meu coordenador numa ida ao banco do governo, onde fomos recebidos pelo tio dele - que eh gerente la. O calor la fora estava infernal: tudo o que eu queria era uma agua de coco bem gelada e uma vista pro mar. Ao inves disso ofereceram-nos cha - quente!!!
Mais tarde a Mahah me chamou pra sair com ela e as amigas pra comer alguma coisa e tomar sorvete. Foi muito divertido! Apesar delas serem amigas de infancia, nao me deixaram nem um minuto boiando e estipulamos que a lingua oficial do passeio seria o ingles. Todas falam ingles muito bem - estudaram a vida toda em colegio ingles. Duas estudam administracao na melhor faculdade de Dhaka e duas - inclusive a Mahah - vao comecar a faculdade no proximo semestre, nos EUA. No comeco eu me senti um pouco timida - depois de ter curado grande parte da minha timidez com a terapia chamada `ir morar em Sao Paulo sozinha`, acho que o resto sera curado com essa viagem -, mas logo comecamos com aquela coisa basica de ensinar palavroes na outra lingua e rimos tanto, mas tanto, que parecia que tinhamos a maior intimidade!
Hoje, terca, 21 de fevereiro, eh o Mother Language Day. Aqui cabe um pouquinho de historia de Bangladesh: Ate 1971 Bangladesh e Paquistao eram um so pais, apesar de separados pelo territorio indiano. No dia 21 de fevereiro de 1952 estudantes da Universidade de Dhaka foram assassinados pelo exercito do Paquistao num protesto para que o Bangla fosse a lingua oficial de Bangladesh (entao Paquistao Oriental), e nao o Urdo. Desde entao este dia eh comemorado no pais como Mother Language Day. Em 1999, a UNESCO reconheceu este dia como o International Mother Language Day, com o objetivo de promover a diversidade linguistica e cultural. Assim, hoje eh feriado em Bangladesh e tambem um dia de muito orgulho para todos. Fui ao Sahid Minar, monumento proximo a Universidade de Dhaka, onde centenas de pessoas depositam flores, agitam bandeiras e homenageiam os estudantes mortos. Pintei uma bandeira de Bangladesh no rosto, o que deixou todos felizes e, inclusive, fizeram `a maior festa` comigo quando cheguei no hotel com a cara pintada.

domingo, fevereiro 19, 2006

Primeiro fim de semana

Meu fim de semana comecou na quinta de noite, quando fui com o Ricky - agora descobri: a familia dele eh do Paquistao, mas ele nasceu em Honk Kong, tem nacionalidade britanica e fez faculdade no Japao - tentar comprar um chip pro meu celular. Infelizmente nao funcionou. Na volta percebemos que havia muitos policiais na rua. "Sera que aconteceu alguma coisa?" - me perguntei. Nao, nao tinha acontecido - ainda ia acontecer: os policiais nos mandaram entrar numa especie de garagem, na frente de algumas lojas. Todas as pessoas que passavam eles mandavam entrar la. Quem carregava bolsas ou pastas deveria ficar ainda mais distante da rua.
De repente passaram varios carros policiais, de segurancas e, finalmente, um enorme carro branco, onde deveria estar alguma autoridade. Fomos, entao, `liberados`.

Na sexta - tipo o nosso domingo, dia de rezar - fui almocar com o Ricky e um outro amigo dele num restaurante bengali. Comi com a mao pela primeira vez. La pelas tantas, no meio do almoco, eles me perguntaram se eu nao ia comer o frango que estava no prato. "Estou tentando!!!" - respondi soltando uma enorme gargalhada. Sorrindo, eles me explicaram que deveria apertar bem os dedos pra carne sair do osso. A cena foi extremamente ridicula e engracada!
Como o almoco foi tarde, seguimos para ver o por do sol da ponte do Dhaleswar River. La havia varias pessoas apreciando aquela cena magnifica proporcionada pela natureza, mas os meus novos amigos falaram que eles estavam era olhando pra mim. No comeco dei risada, mas quando saimos e passamos novamente no lugar em que estavamos e nao havia mais ninguem, fui obrigada a acreditar!!!
Depois de tomar minha primeira cervejinha na Asia (uma holandesa) e de trocar a saia por uma calca jeans, fomos nos divertir um pouco jogando sinuca e outros. Na pressa, peguei a primeira calca que achei. Resultado: ela era meio baixa pra camiseta que vestia e, quando eu jogava, apareciam 5 milimetros de barriga. Segundo meus amigos, fiz muitos bengalis felizes e fui a `alegria da noite`. Patetico e engracado, mas digno de maior atencao.
No sabado fiz umas comprinhas basicas e voltei nessa especie de taxi verde. Agora eu tenho um livro `Bengali for Foreigners`. Espero aprender pelo menos a olhar as placas no banheiro e saber qual eh o feminino, pra evitar que certos micos se repitam (hehehe) - aqui, diferentemente de Calcuta, muito raramente ha escrito em ingles embaixo dos bengali scripts.
(PS: Ricardo, sim estou lendo os comentarios... e estou em Mirpur-1).

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

First village experience

No dia seguinte - hoje - acordei bem cedo. As 7h40 o meu coordenador chegou. Fomos ate uma aldeia chamada Nagori, onde as duas Branch Manager nos receberam. Conversamos um pouco sobre aquela Brach - em numeros - e depois fomos para o centro numero 16 acompanhar uma das reunioes semanais.
Aqui devo explicar, rapidamente, o que faz o Grameen Bank: microcredito e outros tipos de assistencia a pessoas muito pobres, normalmente mulheres. Em Dhaka fica o escritorio principal, onde nao acontece nenhum tipo de negocio de fato, pois a filosofia que seguem eh de que as pessoas nao devem ir ate o banco, mas sim o banco ate as pessoas. Entao ha varios escritoriozinhos nas aldeias, onde acontecem reunios semanais dos grupos tomadores de emprestimos - para pegar um emprestimo eh preciso fazer parte de um grupo de 5 ou 6 pessoas, com certa homogeneidade no que diz respeito a idade, escolaridade, religiao e sexo, e pessoas de uma mesma familia nao podem pertencer ao mesmo grupo.
Sentei-me na frente, com as funcionarias do Banco e meu coordenador. Depois de explicar as mulheres quem era eu e me explicar um pouco sobre a reuniao, ele pediu que eu fizesse perguntas a elas, as quais traduzia. Perguntei idade, tempo de casadas, tempo em que faziam parte do Banco, quantos filhos tinham, se, no inicio, os maridos resistiram a entrada no banco, qual era a quantia que tinha tomado emprestado... Depois meu coordenador pediu que elas me fizessem perguntas. Elas queriam saber a minha idade, se eu era casada e se meu pai tinha deixado eu vir do Brasil pra ca. Depois agradeci: "Dhoniobaad" e fui, com meu coordenador, conhecer a igreja e a escola crista para meninas ali naquela vila. Tambem visitamos a casa de uma das mulheres que estava na reuniao - ela me deu algumas frutas de presente. Mais tarde fomos ate a casa da `phone ladie`, a mulher cujo negocio eh administrar um celular do qual todas as pessoas da aldeia podem ligar e receber chamadas. Se eu tivesse dinheiro trocado e o horario nao fosse tao inconveniente teria ligado para o Brasil. Esta mulher nos ofereceu uma especie de bolo e uma bebida que nao aceitei, pensado que era agua. Meu coordenador disse: "Pegue. Nao tem problema, eh refrigerante!!"
Voltei para o hotel no meio da tarde, varada de fome, cansada e muito feliz.

Primeiro dia em Dhaka

Trim trim! Trim trim! – o telefone do quarto tocou. Abri os olhos com a sensacao de que uma roda de trator tinha passado em cima de mim. Tomei café da manha e liguei para o Grameen Bank para avisar que ja estava aqui. Falei com um senhor chamado Mosleh Uddin, que disse ser o meu coordenador. Ele me explicou – o que eu ja sabia – que naquele dia havia uma greve e os meios de transporte nao funcionariam, apenas os rickshaws, mas tudo bem, pois o Banco ficava na mesma rua do hotel, a apenas umas 8 quadras de distancia. Fui de rickshaw ate la. Sabia que deveria ir ate o 8o andar. No entanto, chegando la, poderia ir para a direita ou para a esquerda. Escolhi direita. Errado, claro! Ate que eu me conseguisse fazer comunicar foram uns 3 minutos, mas me explicaram que o departamento internacional era do outro lado. Ja no departamento internacional um homem, de pe, ao telefone, acenou sorrindo e indicou com a mao que eu esperasse. Alguns segundos depois ele desligou e se apresentou como o Sr. Mosleh, meu coordenador. Sentamos em uma mesa, onde ficamos mais de uma hora conversando sobre varios assuntos, desde futebol ate microcredito, passando por Calcuta, USP e Brasil. Entao ele me deu um material basico para estudo. Comecei a ler. Achei uma metafora escrita pelo prof. Yunus bem interessante. Ele comparava os pobres a bonsais e explicava que os bonsais nao crescem pequenos porque a semente eh doente ou estragada, mas sim porque sao colocados em vasos de flores. A mesma coisa acontece com os pobres: eles sao colocados numa situacao em que nao tem condicao de crescer, entao o que o objetivo do Banco eh tira-los dos vasos de flor e planta-los no solo.
Algum tempo depois o o Sr. Mosleh me chamou e apresentou para os outros coordenadores. Ele disse que, naquele dia, iria almocar em casa, entao que eu fosse para o almoco com o outros dois coordenadores e o responsavel pela informatica. Fui.

Ao entrar no refeitorio, a primeira lembranca que tive foi do bandejao da USP. Por menos de R$1,00 recebiamos um prato, uma cumbuca com vegetais misturados (extremameeeeeeeeente apimentados!!!) e outra com omelete. Sobre as mesas havia bacias de arroz e dhal, que podiamos pegar a vontade. Em bangla, o responsavel pela informatica pediu que trouxessem talheres pra mim. Eu aceitei e decidi deixar pra comecar a comer com a mao (direita, pois a esquerda eh a usada no banheiro) da proxima vez.
Um dos coordenadores me contou que a `intern` dele chega dia 27 proximo, do Uruguai, e me perguntou se o Brasil fazia fronteira com o Uruguai. O outro me contou que o `intern` dele eh um norte-americano que estava no campo com uma intern norte-americana e outra alema. Disseram que Domingo - primeiro dia util da semana – eu iria conhece-los.

Terminado o almoco eles foram tomar cha. Lembrei do pessoal do meu estagio no SG tomando cafezinho do Frans Café. So que o cha era numa `barraquinha` na calcada ali na frente do predio do Banco mesmo. Eles tanto insistiram, que acabei tomando – pelo menos a agua era quente, fervida. Nao me deixaram pagar, apesar de eu ter insistido. “Amanha voce paga!” – disseram. Voltamos para o escritorio e o meu coordenador me levou para conversar com a chefe direta dele, uma senhora meio hiperativa, que nao parava de falar. Ficamos - ela e eu – uns 40 minutos na sala dela, conversando sobre expectativas e Brasil, entre os milhoes de telefonemas que ela recebeu. Quando contei que morava em Sao Paulo ela simplesmente achou o maximo: “Entao devo te oferecer um cafe preto!!!!!” – disse, ao mesmo tempo em que atendia o celular e que, no telefone fixo, pedia que trouxessem café “Preto!!!” – ela enfatizou. Ela ficou tao empolgada assim porque ja foi a Sao Paulo a trabalho, em 1993.

Depois fui falar com a Sra. Nurjara Begun, a pessoa numero 2 do Banco e, tambem, com quem troquei varios emails antes de chegar. Ela trabalha no Grameen Bank desde o comeco, na decada de 70. Fiquei muito emocionada com tudo o que ela me contou.
Ja eram 17h - fim do expediente - e meu coordenador me perguntou se eu me sentia bem de saude e descancada, pra ir para o campo ja no dia seguinte. Respondi que sim e ele riu, dizendo que eu parecia bastante empolgada. Combinamos entao que ele passaria no hotel as 7h30 da manha, para irmos a uma aldeia proxima de Dhaka. Eu disse que queria comprar roupas adequadas e ele, entao, pediu que o mensageiro dele - um rapaz muito simpatico - me acompanhasse ate a loja de roupas ali mesmo no predio do Banco.
Chegando la, escolhi um Sawar Kameez - roupa de 3 pecas -, provei e todos os funcionarios da loja vieram falar que tinha ficado otimo e eu parecia uma tipica bengali. Paguei, agradeci e tomei um richshaw de volta ao hotel.
Depois de tomar banho, fui procurar um computador com internet e descobri que tem no hotel mesmo. A conexao eh meio lenta e tem fila pra usar - isso tambem tinha em Calcuta -, mas pelo menos era `gratis`.
Enquanto escrevia o ultimo post deste blog, um homem comecou a puxar assunto. Ficamos conversando e ele me perguntou se nao queria acomapanha-lo no jantar, num restaurante chines logo embaixo do hotel. Aceitei o convite.
Conversamos bastante durante o jantar. Ele eh de Honk Kong - a familia dele nao eh de la, mas nao sei da onde eh -, e ele tem negocios em Dhaka. Esta neste hotel ha 2 meses, entao me deu algumas dicas, como pedir para algum funcionario jogar o conteudo de um spray contra mosquitos no meu quarto antes de dormir e que tem uma sala de ginastica.
Depois de bem (?) alimentados, ele perguntou se eu nao gostaria de, na noite seguinte, ir com ele e mais uma amiga jogar sinuca, fliperama e comer fast food num lugar aqui perto do hotel. Disse que a pricipio sim, se nao estivesse morta de cansaco. Despedimos e fomos dormir.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Finalmente Bangladesh!!!!!!!!

Na noite de domingo para segunda experimentei meu primeiro `mal estar`, pra nao dizer que quase morri de tanto vomitar. Nao dormi nada. Teria sido algo que comi? Nao sei - provavelmente, apesar de todos os cuidados. Durante o dia, entao, `curti` minhas ultimas horas em Calcuta, totalmente zumbi e mal, tomando o soro que a minha Tia Marisa - medica - indicara e que minha mae - a responsavel pelo item `primeiros socorros` da viagem - providenciou.
As 17h eu estava no consulado pra pegar o visto. Falaram pra chegar entre 17h e 17h30, mas so abriram as 18h15. Tipico. Tive que sentar no chao imundo, na calcada, pra esperar, pois nao me aguentava em pe, pela noite mal dormida e o mal estar que persistia. Felizmente, meu visto para 30 dias estava pronto!
Eu, preventivamente, ja havia comprado a passagem de onibus - nao remarcavel - correndo o risco de perder dinheiro, mas deu tudo certo.
Dormi algumas horas e as 2h30 da manha o funcionario do hotel me acordou. Equivocado, pois eu so deveria levantar as 4h30. So depois de tudo pronto eh que percebi que ainda era cedo demais. Enfim, as 5h o taxista com quem eu tinha marcado chegou. Fui para a estacao de onibus, pesei a bagagem - surpreendentemente nao me cobraram nenhuma taxa pela bagagem extra -, entrei no onibus - melhor do que eu imaginava, mas com poltronas nao reclinaveis, sem banheiro e com grande parte da bagacem na parte superior, coberta por uma lona - e `apaguei`. Acordei 2 horas e meia depois, quando chegamos na fronteira. Todos descemos, carimbamos o passaporte pra sair do pais, entramos de novo no onibus. Alguns minutos depois ja estavamos em Bangladesh! Novamente descemos, tivemos nossos passaportes carimbados. No onibus so havia nacionais da India, Bangladesh e eu. Alem do motorista, havia um outro funcionario que foi muito gentil e atencioso comigo. Ele me acompanhou em todos os lugares para carimbar o passaporte, falando em Bangla com os oficiais e explicando sobre mim. A unica hora em que ele me deixou, fiquei perdida e nao sabia voltar para o onibus! Foi deprimente quando um homem fardado chegou e perguntou: "Algum problema?" e eu respondi: "Na verdade nao sei onde esta o meu onibus". Nesta hora eu vi o funcionario do onibus, agradeci o oficial e fui andando rapido e olhando pro chao ate ele, sem prestar atencao - mesmo que prestasse nao entenderia nada - no que as pessoas na rua falavam comigo.
Depois disso alguns oficiais, fardados, escolheram algumas malas no onibus para abrir e - claro! - uma das minhas. Entao fui ate la, destranquei o cadeado. Enquanto isso o funcionacio do onibus explicava para outro oficial que eu era uma estudante brasileira indo para un internship program. Este oficial, entao, comecou a gritar pra mim `NO NEED! NO NEED!" Acho que ele queria dizer que eu nao precisava abrir minha bagagem, mas ja era tarde demais: o outro oficial ja estava revistando. Muito `azaradamente`, eles pegaram justo a bagagem com coisas intimas. Por cima havia duas calcas jeans e duas camisetas, mas o oficial enfiou a mao la no meio e puxou alguma coisa. Levantou e, surpresa: era um absorvente!!! Ele olhou alguns segundos e eu so pensei: 'so falta ele me perguntar o que eh isso e eu ter que explicar, em ingles..." Mas acho que ele sabia o que era, pois comentou algo em bangla e todos os outros oficiais riram. Nessa hora eu nao me senti nada bem. Tranquei a mala e voltei para o meu lugar no onibus. O senhor que estava do meu lado viu que eu nao tinha achado nada engracado a situacao la embaixo e comecou a conversar comigo. Perguntou se eu tivera algum problema com os oficiais. Eu disse que nao. Entao ele comecou a perguntar sobre mim: de onde eu era, qual era o meu nome, por que estava indo para Bangladesh, o que meus pais faziam... Ele eh um professor de matematica aposentado e estava em Calcuta porque a filha esta tentando entrar no mestrado la. Contei que meu pai tambem era professor de matematica e que eu tambem era estudante.
Nessa hora eu ja estava morrendo de fome e decidi abrir a caixinha que tinha o cafe da manha proporcionado pela companhia de onibus: um ovo cozinho, uma especie de bolinho -mae benta - dentro de um saquilo lacrado - industrializada -, um salgado frito, uma mexerica e uma maca. So tive coragem de comer a mexerica, o bolinho e o ovo, que eram os `descascaveis`. Mais tarde o senhor do meu lado abriu um pacote de bolacha e me ofereceu. Nao aceitei, mas ele insistiu muito: "Aceite! Voce eh como a minha filha! E seu pai tambem eh professor de matematica!" Achei os argumentos convincentes (hehehe) e aceitei.
As 14 horas paramos para almoco. Entrei numa especie de `posto` na estrada. Mesas lotadas de pessoas comendo com as maos. Tudo parecia tao sujo que eu so comprei um saquinho de chips, um pacote de bolacha e agua mineral. O resto da viagem foi tranquilo: cochilos interrompidos pelas risadas dos outros passageiros que assistiam a um filme - do qual eu nao entendia nada! Entre um cochilo e outro aconteceu algo muito engracado: abri os olhos e vi que do lado havia um rio e que o meu onibus e os outros veiculos nao se moviam. Devia ser um engarrafamento. No entanto, estranhamente um grande bloco de terra se movia lentamente no rio. So quando o bloco de terra terminou eh que eu percebi que estavamos numa especie de balsa, atravessando o rio! Eh, eu devia estar, mesmo, quase delirando de sono!!!
Cheguei em Dhaka as 19h20 da noite, passando pela maior dificuldade ate entao, mas tambem por uma das maiores provas de que tudo vai dar certo: o representante do hotel, que deveria estar me esperando, nao estava la. Antes de pegar minha bagagem dei uma olhada - nada! Entao uma mulher que estava no onibus me perguntou como eu iria embora e se eu sabia que este nao era um pais seguro para mulheres, que eu nao deveria andar sozinha. Expliquei que alguem do hotel iria me encontrar la. Ela chamou o marido, pegou o celular dele e disse: `ligue para esta pessoa que vem te buscar`. Fiquei meio assustada, mas percebi que era, realmente, necessario. O filho dela ligou pra mim e conversou com o gerente do hotel. Ele falou para eu esperar la, que iam me buscar. Entao a mulher disse que eu nao podia esperar sozinha. Resultado: ela e o marido - que tinham, tambem, viajado 12h - e os filhos - que tinham ido busca-los - ficaram la comigo esperando. Fiquei conversando com a filha dela, que faz mestrado em Economia Domestica e algo relacionado a Psicologia. O filho - que esta no colegial - ficava fazendo piadas sobre tudo, pra me fazer rir, porque todos perceberam que eu estava um pouco nervosa com a situacao. Como o homem do hotel nao chegava, a mulher disse: "E e se ele nao vier?" "Entao pegarei um taxi" - respondi. Ela disse que, de forma alguma, eu poderia fazer isso sozinha e perguntou se eu passaria a noite com a familia dela, na casa deles. Fiquei novamente assustada e disse que ele ia chegar. O marido ligou novamente e muito tempo depois, finalmente, o tal senhor chegou. Ele disse que confundiu o lugar que eu ia chegar. Agradeci muito a familia que tinha me ajudado e a moca me passou o celular dela, dizendo que eu deveria ligar a qualquer momento, se precisasse de qualquer coisa.
No caminho para o hotel, entao, eu derramei a primeira lagrima em territorio asiatico, seguida por varias outras. No hotel, tomei meu primeiro banho quente em dias, comi uma comida super apimentada - apesar de ter pedido `non spicy, please!` - e dormi.
*Obs: Fotos em Calcuta!!!

domingo, fevereiro 12, 2006

Novo cafofo (ops, Hotel!) e parques

Depois do `grilo` pelo qual passei na sexta-feira ultima, sai, mais uma vez, andando a pe pela cidade - sem saber pra onde. Quando me dei conta estava na Park Street, assistindo um treino de cricket de jovens belos e robustos (hehe). Sentei na grama e fiquei la parada olhando por mais de uma hora. Foi entao que descobri que ja tenho um lugar preferido na cidade... (hehe) Em seguida passei por um lugar em que acontecia uma especie de gincana. Mulheres jogavam a famosa danca da cadeira. De cara eu reconheci a brincadeira. No entanto, das musicas, nao entendi uma so palavra!!!
Ainda na noite de sexta, quando eu jantava uma comida chinesa estranha (pra nao arriscar algo com pimenta alem do que meu estomago esta acostumado, num dia que ja nao tinha sido tao bom), um australiano entrou no restaurante. Nao mesas vagas. Como eu estava sozinha, ele pediu pra sentar. Comecamos a conversar. Era a quinta vez que ele vinha pra India. Tambem ja havia viajado para muitos outros lugares, entre eles o Brasil! Ele visitou todas as 5 regioes do nosso pais!!! Quando contei que ia para Bangladesh em alguns dias, ele disse que tambem ja tinha passado por la e advertiu que que, com certeza, vou estranhar e passar dificuldades, pois em Dhaka, diferentemente de Calcuta, nao ha muitos turistas, como toda a infraestrutura pra eles montada.
No sabado de manha tive que mudar de hotel. A razao? Inumeras!
Andei pelas redondezas, visitei varios quartos de e, por fim, `escolhi` um que eh a metade do preco do que eu estava. Imaginemos que meu antigo hotel fosse um 5 estrelas. Entao, o atual seria 2 estrelas - sendo muuuuito boazinha, 3. Isso me tomou mais uma manha, entre escolher, check out, check in...
Na tarde de sabado fui a casa da Madre Tereza de Calcuta. Me aconteceu o tipico `ir ao lugar certo no dia certo`.
"Sofrer nao eh uma punicao. Deus nao pune. Sofrer eh um presente. Depende de como o recebemos. E eh por isso que precisamos de um coracao puro - para ver a mao de Deus; para reconhecer o presente de Deus no nosso sofrimento". (By Mother Thereza)

Tambem visitei outros dois `lares da Madre Tereza`, que acolhem e alimentam criancas e outras pessoas famintas e desabrigadas. Conheci um pouco o trabalho realizado e tive a oportunidade de conversar com uma norte-americana que atualmente trabalha la como voluntaria.
De noite tive minha primeira experiencia num vaso sanitario nao ocidental - no hotel - e de banho com balde, pela precariedade do chuveiro.
Hoje, Domingo, resolvi que estava cansada de andar e fui de taxi a alguns outros pontos turisticos. No entanto, percebi que estava, tambem, cansada de templos, igrejas, museus e monumentos e convidei meu amigo Imran pra ir a dois parques tematicos. Fomos ao Nicko Park (estilo um Play Center umas 50 vezes pior) e ao Science Park. Neste ultimo visitei uma exposicao de robos dinossauros, que mexem e produzem sons - bem interessante. Mas mais interessante ainda eh o parquinho onde as criancas brincam: os brinquedos sao todos de experimentos de fisica. Em alguns deles, brinquei de igual pra igual com as criancas (tipico pra minha idade mental hehe...), causando muitas risadas no Imran. Mas a unica coisa que eu conseguia pensar, realmente, naquela hora, era o tanto que meu pai - professor de fisica - ia gostar de estar naquele lugar!!!

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Festival e ` primeiro grilo`

Ontem no comecinho da noite fui ao festival muculmano com o Imhan. La encontramos alguns amigos dele, o primo e a esposa... Foi simplesmente incrivel!!! Todos os adjetivos que eu use pra descrever o que eu senti e vi serao insuficientes. Para passar uma ideia, apenas: centenas, milhares de pessoas vestindo estilos variados de roupas, caminhando por todos os lados, encenando, participando de celebracoes, anunciando, vendendo, arrecadando dinheiro para clubes, pedindo esmola. O que mais gostei foi uma especie de `roda de capoeira`, so que com homens lutando com bambus ou espadas e, na roda, tambores.
Essa foi uma das experiencias mais interessantes que tive na vida. As vezes eu andava olhando pro chao e quando levantava a cabeca simplesmente nao acreditava que estava ali! Nunca vi tanto indiano junto! (hehehe)
Agora, interessante tambem foi sentir o que eh ser diferente. Todas as pessoas olhavam pra mim, sem excecao. Cutucavam quem estava do lado, desviavam o olhar quando percebiam que eu tinha visto. Senti-me praticamente uma aberracao!!! ahahaha.. Mas no bom sentido! As pessoas foram muito solicitas e educadas comigo. Quando eu chegava, elas abriam espaco para eu ver melhor e tambem varias delas chamavam o meu amigo indiano pra dar dicas de coisas legais que pudessem me interessar conhecer/ver em alguma das ruas em que acontecia o festival.
Foi divertido, tambem, brincar numa `barraquinha` de tiro ao alvo, em que o objetivo era estourar bexigas dando tiros com uma espingarda de chumbinho.
O unico porem do festival eh a precariedade de fotos que tenho. Nao era nada facil nem seguro tirar a maquina da bolsa ali no meio de tanta confusao. Mas as cenas que vi, com certeza, nao esquecerei.
Hoje, no entanto, foi o primeiro dia em que me senti mal aqui. A questao do visto para Bangladesh tera de ficar para segunda feira (alem de que so vou conseguir o visto para 1 mes, tendo que pedir extensao quando chegar la), entao meus planos de chegar a Dhaka ainda no Sabado a noite foram por agua abaixo. Como nao eh todo dia que ha onibus direto Calcuta-Dhaka (ha onibus diarios em que eh necessario parar na fronteira, andar uns 5 minutos a pe carregando a bagagem e passar pelo processo de `clean customs` corrupto que fuca a mala inteira e ainda pede dinheiro pra deixar passar! :P), e pela quantidade de bagagem que tenho esta eh a opcao que devo usar, talvez eu so consiga ir para Dhaka na proxima quinta-feira. Isso realmente me deixou arrasada! Fiquei a manha toda enrolada resolvendo essas coisas e envolta por esse sentimento. Entao resolvi apelar para o equivalente a um porre ou 20 Kg de chocolate, em viagens distantes: dar um jeito de descarregar as fotos que ja tenho e ler as mensagens das pessoas que estao no Brasil torcendo por mim. Aqui estou; agora, bem melhor. Vou respirar fundo, levantar e, mais uma vez, sujar os meus pes com a poeira de Calcuta, que, pra mim, ainda eh um grande misterio.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Calcuta Maravilhosa

Continuo em Calcuta, no meio hotelzinho meia boca, numa regiao central cheia de mendigos e sujeira, mas tambem muitos estrangeiros. Na mesma rua do meu hotel existem varios outros baratos. Ja trombei com mochileiros de varias partes do mundo e ate mesmo familias e viajantes solitarios.
Ontem resolvi passear a pe por Calcuta. Sai do `inferninho` que eh a regiao em que estou hospedada, passando por varios lugares turisticos (assim que der anexo as fotos). Andei mais de quatro horas, sem sentar. Mas foi maravilhoso. Conheci outra parte da cidade, com bem menos pobreza e varios lugares bonitos. Na Park Street tem varios clubes, homens jogando cricket por todo lado, paisagens bonitas. Tambem me embebi de um pouco de cultura e historia indianas no Indian Museum e no Victoria Memorial e conversei com algumas meninas em um piquenique de escola no meio de um parque.

Hoje eh feriado muculmano aqui. Acordei cedinho, tomei cafe da manha na lanchonete de sempre (eu falando assim parece que ja estiou aqui ha meses ahahaha) e fui telefonar na agencia de venda de passagens pra Dhaka (capital de Bangladesh). No telefone com o funcionario da agencia, eu nao conseguia entender quase nada. Ele falava ingles mal e porcamente e com muito sotaque! Entao olhei com cara de cachorro sem dono para o rapaz que trabalha na loja de telefone (que vc paga pra telefonar), implorando ajuda com o olhar. Ele perguntou: `need any help?`, entao passei o telefone pra ele e pedi que descobrisse as informacoes de que eu precisava. Ele foi muito simpatico e, em Bengali/Bangla (aqui o estado eh o West Bengal), descobriu tudo que eu queria. Aproveitando da boa vontade do moco, tirei um mapa com varios nomes de lugares turisticos que eu pretendia visitar a pe, e comecei a fazer perguntas. Ele explicava tudo com muita paciencia e simpatia, mas, percebendo minha cara de desespero e de `sou-uma-perdida-e-nao-to-entendendo-como-faz-pra-chegar-ali-nem-ali`, disse que sairia do trabalho em meia hora e que como era a folga dele, ele poderia me acompanhar por alguns lugares (ao inves de passar o dia jogando cricket! ahhaha), ate mesmo porque alguns nao eram tao seguros pra uma mulher andar sozinha. Aceitei. Em 1 hora nos encontramos em frente a um cafe ali perto do hotel e comecamos a caminhada. Passamos por alguns lugares legais, inclusive o rio Hooghly - no qual alguns devotos hindus se banham e fazem oferendas - e pelo Millennium Park, onde paramos pra tomar agua, descansar e conversar com algumas criancas. Eu perguntei ao meu novo amigo - Imran, 21 anos, indiano -, por que aqueles dois meninos estavam com uniforme de escola, se era feriado. Ele disse que nao sabia e perguntou pros meninos em Bangla. Os meninos nao sabiam que era feriado e foram pra escola. Quando perceberam que nao teriam aula foram brincar no parque - conclusao: existe gente `anta`/`cabaca` por toda parte! ahahahaha

Depois fomos assistir ao festival muculmano, mas chegamos no fim. Talvez no fim da tarde, quando recomecam as festividades, eu volte la pra ver.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Cheguei a Calcuta!!!!

Cheguei hoje em Calcuta. Isso aqui eh uma loucura!
Foi tudo bem na viagem: assisti 5 filmes, dormi, comi, joguei paciencia, li. Encontrei o Rodrigo, meu primo de 2o grau que mora em sao paulo, indo tambem para Bangalore. Ate la a viagem foi muito tranquila. O duro foi esperar umas 4 horas de madrugada no aeroporto, sozinha, pra pegar um voo interno para Calcuta.
O primeiro problema/desafio da viagem aconteceu ali mesmo, no aeroporto. Quando em sao paulo, o funcionario da Air France perguntou se eu queria retirar a bagagem em Bangalore ou Calcuta. Eu disse Calcuta. Como sou meio desconfiada, ao descer no aeroporto de Bangalore confirmei com duas aeromocas, que olharam os meus tiquetes de retirar a bagagem e disseram que eles diziam que eu TINHA que pergar so em Calcuta. Sendo mais desconfiada ainda, ao fazer o check in na India Airlines eu mostrei o papel e perguntei. O cara falou que eu devia ter pego a bagagem antes e que agora ela so ia chegar no dia seguinte em Calcuta. Reclamei, disse que o pessoal da Air France que tinha dito... entao ele mandou um funcionario comigo falar com a gerente da Air France, que me levou ate minha bagagem: violada, quebrada, mas aparentemente nada faltando. Peguei a bagagem, depois de discutir com a mulher mais de meia hora e so parar porque o pessoal do meu outro voo ja estava embarcando.
Nao fiquei com medo nem ansiosa demais em nenhum ponto da viagem. Quando acordei de manha e olhei na televisaozinha do aviao e ja tinha passado da Espanha, fiquei mto feliz e pensei: `eh Leticia, ja esta mto longe de casa!` Mas so quando vi no mapa que ja estava sobrevoando a India eh que me dei conta de que, realmente, estava muuuuuuuuito longe e comecei a empolgar bastante! Desci do aviao. Caos total. Fui ao banheiro - muito simples. Abri a porta e so uma privada que eh no chao. Abri outra porta e tinha uma `privada ocidental`. Mas nada de papel higienico. Percebi que tinha uma torneirinha com um balde e tipo uma jarra do lado, com certeza pra limpar as partes. Bem... eu tinha meu papel higienico na mochila!
Ainda no aeroporto de Bangalore aconteceu um episodio engracado: um grupo de 11 cearenses, vindo para ver o Sai Baba acharam o maximo eu ser brasileira tambem. Eles fizeram ligacoes para o Brasil e quando uma mulher percebeu que tinha sido roubada (o cara tinha cobrado bem mais dela do que dos outros) fez um escandalo com ele e terminou apontando para os olhos dela, depois pra ele e dizendo:`I`m looking at you!!` ahahahahah
No voo interno so havia duas mulheres, uma com o marido e eu. No onibus ate o aviao foi constrangedor, mas eu ficava olhando para o chao, pra nao olhar pra nenhum cara. Alias, eh assim que tenho andado por aqui: cabeca meio baixa pra nao olhar demais! ahahahha

Chegando em Calcuta, quase morta de tanto viajar, peguei um taxi (pre-pago, se nao os caras enfiam a faca mesmo!) No caminho da porta ate o taxi fui abordada por varios homens, que queriam me ajudar com a bagagem. Eu falava que nao precisava e ia caminhando rapido, mas um tomou o carrinho da minha mao agressivamente e foi levando. No fim dei uma gorgeta, que eh o que todos queriam. :P
Do aeroporto pro hotel eu toda hora, quase delirando de canseira, ficava na duvida se aquilo era sonho ou realidade! O transito eh um caos e o taxista ficava costurando, buzinando sem parar. Alias, ele e todos os outros. Ninguem para ou da seta. Todo mundo vai buzinando, avisando que ta passando e nao param pros pedestres nem diminuem a velocidade - desviam em cima da hora!!!

Apesar de ter visto a morte de perto nesse momento (ahahaha), cheguei viva ao hotel. Simples, rustico e barato - pra nao dizer que eh um lixo. Mas quando saio na rua - milhoes de mendigos, vendedores, mulheres cozinhando em panelas na calcada, homens mijando, criancas correndo, um odor extremamente desagradavel, o barulho infernal dos carros -, imagino meu hotel como se fosse 5 estrelas!!! Talvez eu coloque umas fotos do quarto. Talvez porque nao quero deixar minha familia preocupada (ahahahhahahah).* Mas a localizacao eh otima. Pertinho tem xerox, internet, lanchonete...
Depois de devorar a comida do aviao da India Airlines - estava varada de fome, porque nao tinha nada para comer no aeroporto - e so depois perceber o quao apimentado estava, so comi panquecas e un Seven Up aqui do lado do hotel. Definitivamente vou ter que aprender a tomar refrigerante se quiser algo diferente de agua.
Fui ao consulado de Bangladesh, sem sucesso, pois acaba a entrega dos formularios as 11h30 a.m. e eram 11h10 a.m., mas ja estava fechado!!!!!! Amanha eu volto la.
*Adicionei a foto do banheiro da minha suite. O chuveiro de agua gelada fica logo acima dessa torneirinha e desse balde que substituem o papel higienico.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

chAr din!!!

A preparação da viagem é uma verdadeira epopéia. É como se eu tivesse aberto a mala no dia em que resolvi viajar e estivesse colocando e tirando coisas o tempo todo. É burocracia, consulado, bancos, e-mails, ligações, camelôs, farmácia, supermercado, xerox, sites... Mas agora é chegada a hora de colocar as últimas coisas na mala, sentar em cima dela, pisar, sapatear até caber tudo e fechar, afinal de contas, faltam chAr din (quatro dias, em Bangla).
A pergunta que as pessoas mais me fazem é se estou com medo, ansiosa, empolgada.... A respostas é não! Acho que é porque está tudo tão corrido, há tanta coisa pra arrumar, tantos detalhezinhos pra acertar, que ainda não tive tempo pra deixar aflorarem esses sentimentos!!!
Agora chega também a hora das despedidas. Na primeira foto, com meus irmãos, primos e tios de Uberlândia, no dia da pizzada de despedida: quase 3 horas de risadas ininterruptas lembrando dos 'causos' de quando éramos crianças...
Na outra com o Leo, meu CUnhado, e os presentinhos que ele me deu pra levar, com uma cartinha super engraçada! Olha que essa feijoada em lata vai fazer sucesso lá ein!?!?! hehe...